domingo, 22 de maio de 2016

Opinando - Moda sem gênero?

Nesta semana, rolou uma forte polêmica envolvendo dois comerciais da C&A que demonstram uma nova visão da marca, incentivando a libertação de rótulos e a experimentação de roupas independente de gênero, conceito que vem crescendo em escala mundial.




Essa atitude da marca desagradou algumas pessoas, que discordam da ideia de que roupas não precisam ter gênero e acham que não se deve usar roupas teoricamente destinadas a um gênero diferente do seu, ou seja, que existe "roupa de homem" e "roupa de mulher".


Esse fato me lembrou uma história curiosa envolvendo a dupla Tonico e Tinoco, que ouvi por acaso em um programa de televisão e me marcou bastante.
Eles falavam sobre a infância pobre e difícil, quando viviam na roça e praticamente tudo que tinham vinha de doação. Além disso, eles tinham pouquíssima instrução e informação externa.
Certa vez, a família ganhou uma mala repleta de roupas e, dentre elas, havia um vestido infantil vermelho. Sem saber da existência da distinção de roupas masculinas e femininas, um dos irmãos se encantou pelo vestidinho e passou a usá-lo sempre, até ter a grande surpresa de saber que aquela peça tão querida não era permitida para meninos. E, afinal, não é permitida por quê?
(Na realidade, é permitida pra fazer chacota, mas isso é tema pra outro post!)


Simplesmente porque NÓS construímos esse e tantos outros conceitos de moda que acabaram virando um senso comum e nos fazem estranhar qualquer coisa fora do esperado.
O que não podemos esquecer é que usar um pedaço de tecido não modifica a sua essência, sua sexualidade, seu caráter ou qualquer outra característica interna. Ou será que o pequeno menino que adorava passear de vestido vermelho deixou de ser quem ele era a partir do momento em que vestiu aquela peça "feminina"? Eu acredito que não.


Além de não fazer sentido se prender a conceitos pré-estabelecidos pela própria sociedade, devemos lembrar que os próprios conceitos têm sido reinventados e revistos ao passar dos anos.
Há algumas décadas, a estilista Coco Chanel causou verdadeiro escândalo na sociedade ao usar peças de roupa masculinas e torná-las parte da composição de looks femininos, e demorou um tempo pra que a sociedade passasse a aceitar essa mudança, que hoje é algo tão trivial.




Eu poderia passar horas apenas citando exemplos de como a moda mudou desde os primórdios da humanidade e como o certo e o errado dependem de vários fatores.
Os saltinhos de Luís XIV, as saias escocesas (kilts), os tamancos masculinos dos anos 70, a moda andrógina dos anos 80 e tantos outros só mostram o quanto é limitado o pensamento de que a moda é algo engessado. A moda é plural, é mutante, é uma das expressões artísticas mais incríveis que já inventamos e nunca vai parar de se transformar. Ainda bem!


Acredito que o futuro será a moda sem distinção de gênero, que permitirá escolhas ainda mais livres, baseadas em nossos reais gostos e preferências. Assim, quem sabe um dia possamos evoluir tanto a ponto de nos aproximar da inocência daquele menino de vestido vermelho.

Um comentário:

  1. Uau...que post maravilhoso...acredito que temos que usar aquilo que nos faz nos sentir bem...independente de ser masculino ou feminino...

    Maravilhoso seu texto...Parabéns!

    http://meioincomum.blogspot.com.br/

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